Desmistificando a Meditação

Ainda hoje, quando se fala em meditação, muitas pessoas pensam que essa prática é restrita a mestres espirituais do Oriente, a iogues (quem pratica ioga), ou até mesmo pode ter uma conotação religiosa.

Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, líder do budismo tibetano, foi convidado pela Sociedade de Neurociências dos EUA para discursar na reunião anual em Washington, em 2005. Algumas centenas entre os quase 35 mil participantes do evento solicitaram o cancelamento do convite. Como um religioso pode se encaixar em um encontro científico? Que relação poderia haver entre uma antiga tradição filosófica e espiritual, como o budismo, e a ciência moderna? 

Desde a década de 80, a ciência vem estudando, através de experimentos científicos com exames de imagem cerebral, a eficácia e benefícios cognitivos e emocionais da prática meditativa. E comprovaram que: fazer a mente “sair do piloto automático” por alguns minutos ao dia tem efeitos reais e mensuráveis ao corpo.

A palavra meditar tem origem no latim mederi, que significa “tratar, curar, dar atenção médica a alguém”.  Porém, esse conceito vai muito além: as metas de meditação correspondem, em grande parte, a muitos dos objetivos da psicologia clínica, psiquiatria, medicina e educação.

A meditação promove a capacidade de aprendizagem e concentração, de percepção das próprias emoções e de lidar com elas de forma saudável. Pode ser eficaz no tratamento de depressão, ansiedade, hiperatividade, dor crônica, inflamação e envelhecimento das células; reforça o sistema imunológico, reduz a frequência cardíaca.

 Afinal, o que é meditar? 

É uma prática e experiência que:

  • favorece o processo de familiarização com uma forma mais serena e flexível de ser, levando a um estado de paz, calma e tranquilidade, tanto física como mentalmente;
  • favorece o cultivo de qualidades humanas básicas: mente mais estável, clara e equilibrada emocionalmente, senso de atenção ou concentração dedicada, e até amor e compaixão.
  • utiliza técnicas como relaxamento corporal, respiração, guiança orientadora, exercícios de aquecimento e postura, práticas ou rituais corporais;
  • afeta o funcionamento e a estrutura física do cérebro.

Essas qualidades podem permanecer latentes até que nos exercitamos para desenvolvê-las.

Atualmente, há várias técnicas e metodologias na prática de meditação. Enfatizo porque meditar é um treino acessível a qualquer pessoa e tem sido cada vez mais utilizada para a saúde integral.

Basta ter disciplina para “manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo” como diz Walter Franco.

Vamos praticar? Vamos meditar? Esse é o convite…


Milla Baldocchi Finoti Gaspar – CRP 06/85752 – @milla.baldocchi
Psicóloga Clínica e Social e Terapeuta de Mandalas Espontâneas

Referências Bibliográficas:
Revista Meditação: Mindfulness e outras práticas / Coordenação Heloísa Cestari – 1ª ed. – São Paulo:  Editora Escala, 2017.
Ricard, Matthieu; Lutz, Antoine; Davidson, Richard J.. Meditação para Transformar o Cérebro. In: Revista Scientific American Mente e Cérebro. Ano XXI, Nº 270 – São Paulo: Editora Segmento, 2015.

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