Ansiedade: Uma ‘pandemia’ emocional

A cada dia que passa, tem sido mais frequente questões associadas à ansiedade. Conversando com outros colegas de profissão, a percepção é a mesma: Uma infinidade de casos envolvidos de alguma maneira com esta questão, apresentando-se como causa ou consequência de outros fatores.
É como se a ansiedade tivesse virado um vírus que se espalhou gerando uma pandemia. Há pessoas ansiosas em toda esquina! E essa repetição tem despertado em mim uma porção de reflexões que me fazem crer ser importante voltarmos nossa visão para isso.

O que é ansiedade? Porque tem sido tão presente e tão comum?

Cada dia que passa torna-se mais comum a ocorrência de pessoas descrevendo a vivência de crises ligadas a este estado, e não me refiro aqui ao modo figurado do termo, mas sim o significado literal: C R I S E – um episódio que tem se caracterizado a partir da associação entre um grande desequilíbrio emocional e um grande desequilíbrio fisiológico. Os sintomas descritos passam por: pensamentos acelerados, associados à sudorese, aceleração de batimentos cardíacos, tremores no corpo, contrações musculares, entre outros… Hoje existem ‘brinquedos’ elaborados para lidar com ansiedade. Quer dizer, se pararam para pensar em algo para lidar com ansiedade e pensaram em comercializar e esse objeto ‘viralizou’, será que devemos olhar para essa frequência de episódios como algo normal, ou, natural? E será que isso tem sido frequente somente no meu ciclo social?

Convido você a analisar junto comigo essas questões…

Pensei em escrever aqui a definição do dicionário sobre ansiedade, também pensei em verificar alguma definição a partir da Classificação Internacional de Doenças (CID), ou trazer referências bibliográficas, pois existe uma infinidade delas, mas acredito que a definição mais certa de ansiedade para cada um, deve ser individual. Os significados populares e científicos estão ai de fácil acesso para todos, na internet, nos livros, nas pesquisas em geral. E é claro que essas descrições podem trazer pontos comuns e que inclusive ajudem na definição de ansiedade para cada sujeito, no entanto, aposto na análise do que se faz singular dentro de cada indivíduo. Por isso, gostaria de traçar um roteiro de incursão pessoal para quem se propor a embarcar nesta reflexão.

Vamos lá… responda mentalmente as questões sugeridas aqui e tente organizar em sua mente esse trajeto individual:

1. Você tem pensamentos acelerados? Consegue aquietar a mente com facilidade?

2. Tem preocupações excessivas? [Sugiro que o parâmetro para saber se é excessivo ou não, seja perceber se essas preocupações chegam a causar qualquer tipo de prejuízo – emocional, e/ou físico.]

3. Como tem sido seu contato com o presente momento? Consegue viver o “Aqui e Agora”? Ou, uma parcela que seja, do pensamento, está lá no futuro, pensando no que precisa ser feito, ou no que deseja fazer?

4. A maior parte dos seus pensamentos estão voltados para qual momento? Passado, presente ou futuro?

5. Como você lida com horários? Costuma se adiantar? E como lida com atrasos?

6. Já chegou a enfrentar um engarrafamento e ficar parado no trânsito? Como foi essa experiência?

7. Consegue desenvolver atividades que exijam o repouso da mente, como por exemplo, meditação? Como é vivenciar esse tipo de exercício?

8. Já parou para pensar sobre quantas coisas você realmente tem o controle? Porque veja só, a pesar de sermos criados com a ideia de que temos que ter o controle, seja da situação, ou dos sentimentos, ou das escolhas profissionais, ou mesmo pessoais… no fundo, bem lá no fundo, nós não temos controle de nada. Nosso corpo está sujeito à modificações imprevisíveis, assim como nosso trabalho, o tempo que temos de vida e de convívio com as pessoas ao nosso redor… Isso faz sentido para você? Se sim, como é pensar nisso? Que tipo de sentimentos surgem na mente enquanto você pensa sobre a falta de controle que você tem diante da vida?

9. Aproveitando esse convite para a percepção dos seus sentimentos, como foi pensar nestas questões? Que tipo de sentimentos vieram a mente?

Eu poderia escrever mais um tanto de perguntas, entretanto, creio que estas já podem trazer algumas reflexões importantes. A ideia não é fazer uma contagem de pontos e concluir se você é ou não uma pessoa ansiosa, mas sim, gerar um exercício de percepção. Observar por onde passa sua atenção, seus sentimentos, o funcionamento do seu corpo e sua mente.

Como foi embarcar nesse trajeto de pensamentos?

Lembre-se que vivenciar experiências com certa impaciência não faz de você alguém ansioso. Se fosse assim, enfrentar horas dentro de um carro parado em plena Marginal Tietê, por exemplo, na hora do rush, e depois de uma jornada longa e cansativa de trabalho, deveria então, ser obrigatoriamente vivenciada com paz e tranquilidade para você não ser declarada uma pessoa ansiosa. Não perca de vista, dentro desta percepção, a noção de humanidade. Não somos máquinas, somos seres dotados de uma infinidade de sentimentos, bons e ruins, a questão está em o que fazemos com o que sentimos.

O parâmetro para entendermos algo como normal ou patológico, no meu ponto de vista, estará sempre no momento em que esse algo começar a trazer prejuízo para você e/ou para as pessoas ao seu redor. Então, mais uma vez deixo aqui o convite para o auto-conhecimento. Espero poder ter ajudado no ‘olhar para si’, e qualquer dúvida, estou à disposição! Entre em contato!


Fernanda de França Lorenção – Psicóloga Clínica
CRP 06/123946

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